LEANDRO GOMES DE BARROS
e 1865 — Recife, Pernambuco, 4 de março de 1918) foi um poeta de literatura de cordel brasileiro.
Em 19 de novembro é comemorado o "Dia do Cordelista", em homenagem ao nascimento de Leandro Gomes de Barros.
É considerado como o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel, tendo escrito aproximadamente 240 obras. No seu tempo, era cognominado "O Primeiro sem Segundo", e ainda é considerado o maior poeta popular do Brasil de todos os tempos, autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos milhões de exemplares vendidos.
Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros grandes autores, como por exemplo Ariano Suassuna que em sua peça Auto da Compadecida, se inspirou em dois de seus folhetos: "O Dinheiro", também chamado de "O testamento do cachorro" e "O cavalo que defecava dinheiro"
Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o mais lido dos escritores populares.
Em 1909, Leandro Gomes de Barros publicou seus poemas na seção "Lyra Popular" no jornal O Rebate de Juazeiro do Norte, Ceará.
Inspirado em poemas medievais, escreveu o romance Batalha de Oliveiros contra Ferrabrás, inspirado nos romances de cavalaria conhecidos como Ciclo Carolíngio ou Matéria de França.
Segundo Carlos Drummond de Andrade, Leandro Gomes de Barros foi "o rei da poesia do sertão e do Brasil".
Segundo Permínio Ásfora, teria sido preso no ano de 1918 porque o chefe de polícia considerou afronta às autoridades alguns dos versos da obra O Punhal e a Palmatória, trama que tratava de um senhor de engenho assassinado por um homem em quem teria dado uma surra e deixado-o sangrando os olhos.
Sebastião Nunes Batista, no entanto, em Antologia da Literatura de Cordel (Fundação José Augusto, Natal, 1977)[12] dá como causa da morte do cordelista a gripe espanhola (influenza).
É o patrono da cadeira nÚmero um da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
A estrofe considerada desrespeitosa de O Punhal e a Palmatória é:
“ Nós temos cinco governos
O primeiro o federal
O segundo o do Estado
Terceiro o municipal
O quarto a palmatória
E o quinto o velho punhal
”
Leandro morreu dia 4 de março de 1918, vitimado pela gripe espanhola, em Recife aos 52 anos.
Obras: VER EM:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leandro_Gomes_de_Barros
IGUAL SER Ó O BECO ESTREITO
Mote
Qual será o beco estreito
que três não podem cruzar?
Só entre um, ficam dois,
ajudando a trabalhar!
Glosa
Frei Bedegueba dizia
A Frei Manzapo, em disputa:
— Existe uma certa Gruta
onde hei de ter moradia.
Hei de conhece-la um dia,
embora quebre o Preceito.
Vou penetrá-la direito,
para a verdade saber,
pois preciso conhecer
qual será o beco estreito.
Dizem que tem pouca altura
e fica no pé dum Monte.
A estrada é uma Fonte:
vou medir sua largura!
Para saber-lhe a fundura
vou lá dentro mergulhar.
Para me certificar,
não podendo entrar os três,
só entre o Cabo-pedrês,
que três não podem cruzar.
Um Padre já me contou
que foi dar uma caçada
e, nessa Mata fechada,
viu um Bicho e não matou!
— Padre, dizei-me que sois!
Podereis entrar depois,
Respondendo ao que pergunto:
Mas, dos três que vejo juntos,
só entre um, ficam dois!
Um Monge, de lisa fronte,
Também já contou a mim:
— Já brinquei nesse Capim,
já ressonei nesse Monte!
Quase sempre a essa Fonte
Venho eu e mais um Par:
os dois não podendo entrar,
por serem moles e bambos,
entro só, ficam ambos
ajudando a trabalhar!
Página publicada em julho de 2020 |